O Karatê na minha vida
Sebastião Pinto
Ribeiro Costa
Faz
cinco anos que comecei a treinar. Foram cinco anos de muito treino, esforço,
alegria, companheirismo, seriedade, e aprendizado. O tempo passou tão rápido
que quando percebi já estava aqui escrevendo sobre o Karatê na minha vida.
Quando
comecei, que eu me lembro, treinavam poucas pessoas no meu horário. Nosso Dojô
já passou por diversas mudanças, quando entrei nossos makiwaras, eram apenas
pneus na parede. Fico feliz de ter começado meu treinamento com tudo
arrumadinho, tatame macio, protetores, brincadeiras no final da aula. Mas
gostaria de ter conhecido o treinamento a moda antiga. Já ouvi várias histórias
que meu Sensei Luiz Bussola (pessoa de que já vou falar), contava nas aulas,
ficava fascinado ouvindo suas experiências de vida. Sobre campeonatos, sobre
treinar no chão bruto, sobre os ferimentos de batalha, e tudo mais.
No
primeiro local do nosso Dojô, teve muitas histórias, existia uma pilastra que o
Sensei Luiz ameaçava prender os meninos custosos, onde eu me encaixava. Uma
pena que aquela época já passou, fui subindo de faixa, e com isso veio subindo
a responsabilidade dentro do Dojô, mas continuando. Lembro de uma vez que o Sensei
falou alguma coisa, e então repeti o heian shodan, várias e várias vezes, até
conquistei a amizade de um homem lá do Muay Thay.
Nesse
mesmo Dojô foi onde reencontrei minha professora do Jardim II, Renata (companheira
que tenho que comentar também). Tentei levar vários amigos da escola, amigos
que ficaram por meses e outros que ficaram por anos, amigos que me ajudaram, e
outros que nem tanto, mas cada um fez parte da minha vida, mesmo que por pouco
mas fez. Acho que nesse local, fiquei até a faixa vermelha ou laranja. Era
tanta empolgação que tinha mais os amigos após os exames, chegávamos e
falávamos uns pros outros “Aí sim hein, faixa amarela.”. Demorou alguns anos
pra eu entender sobre as faixas, os significados e tudo mais. (Renata me ajudou
com isso).
Algum
tempo se passou, e o Sensei Luiz encontrou um novo local pro nosso Dojô. Fiquei
meio triste por estar deixando o antigo lugar, mas fazer o quê. No antigo
lugar, teve um treino que apenas eu, o Sensei Bruno e mais alguém que me
esqueci foi, estava chovendo e mesmo assim o treino de kumite aconteceu, foi
muito bom.
Então
chegamos ao novo Dojô. Não me recordo de que faixa eu usava quando nos mudamos
para lá, mas acho que ainda estava abaixo da laranja. Nesse lugar, aconteceram
coisas maravilhosas, e ainda acontecem porque atualmente, ainda estamos aqui.
Nesse local, além dos exames, tiveram mudanças de ambientação, teve uma surpresa
que fizeram com a faixa do Sensei Luiz que por sinal não deu muito certo. Foi
nesse ambiente que comecei a ir para cursos em Uberlândia, complementar minha
formação no Karatê. Nesses cursos, conheci grandes Senseis e Shihans, como
Edson Nakama, Rubem Cauduro, Hélio Arakaki, Omar, entre outros. Esses Senseis
me mostraram sem falar uma palavra, que o caminho das mãos vazias é
extremamente amplo, que existem milhares e milhares de combinações, kihons,
aplicações, e o mais importante, que não se deve achar que sabe-se tudo, só
porque está usando uma faixa preta, ou porque é 2º, 4º, 5º, ou 9º dan, sei lá,
mas quem acha que não se pode aprender mais nada por ter essas “patentes”, com
certeza não está no verdadeiro caminho do Karatê. Eu também não conheço o
verdadeiro caminho, porque agora que vou começar nele, mas eu tenho certeza que
não é se sobrepor sobre os outros.
Luiz
Antônio Bussola, é para mim, um grande Sensei, um grande amigo, e um grande
pai, um pai que me ensinou coisas que nem ele mesmo pode saber que ensinou,
apenas com seus ensinamentos, suas histórias, seus conhecimentos, e acima de
tudo com suas atitudes. Lembro-me de um dia em que minha madrinha Amanda, e
minha irmã Maria Eduarda, vieram me buscar no treino, então minha madrinha pergunta
“Desde que horas você está aí menino?” aí eu respondi “Desde 18:00.” E ela “O
que você faz aí esse tempo todo? Já são 21:00.” “Ajudo meu Sensei no primeiro
horário e depois treino.” Minha madrinha e minha irmã começaram a falar, “Deixa
de ser besta menino, o que você ganha com isso? Ganha dinheiro?” Aí eu respondi
“Não, ganho o conhecimento do meu Sensei.” No que eu falei isso, elas começaram
a rir, e a me chamar de bobo, que eu vou na onda dos outros, mas eu não me
senti mal por isso, porque não vale a pena discutir com quem já tomou sua
decisão (Aprendi isso após discutir muito para defender o que acredito.). Essa
foi uma das vezes em que defendi o meu Sensei sem seu conhecimento. Então tudo
o que tenho que fazer pro meu Sensei, é agradecer, agradecer muito por tudo que
ele já me fez, e que eu sei que vai fazer. Agradecer, por ter paciência comigo
durante esses cinco anos, e gostaria de pedir para ter mais paciência ainda pra
me aguentar durante toda a vida.
Renata,
até então faixa marrom, mas que após o dia 16/12/2017, vai se tornar uma
excelente faixa preta. Renata e eu começamos nossa jornada há muito tempo, nem
sempre fomos tão próximos, e pra falar a verdade, nem sei como nos aproximamos
(Mais uma prova de que o Karatê nos traz grandes amigos.) mas fizemos vários
projetos juntos, um deles era todo final de aula fazer uma série de flexões e
abdominais, durou um tempinho, mas acabou e nem sei porque, mas temos um
projeto “super-secreto”, que pelo visto não vai acabar tão cedo. Ela me ajudou
muito com a teoria por traz do Karatê, me fez entender, que faixa só serve pra
segurar o kimono. E analisamos juntos muitas situações do Karatê, e situações
que se passam em nosso Dojô. Como se é pra faixa ter alguma importância, que o
usuário dela tenha a responsabilidade que tal faixa representa. Porque o que
adianta um faixa preta, cujo o espírito é mais fraco do que brancas, e
vermelhas por aí? Para mim não adianta nada. Eu e Renata, temos diversas histórias
que para poupar vocês que estão lendo (ouvindo), só vou falar que Renata é
minha melhor companheira no Karatê e na vida.
E
não poderia esquecer do Sensei Bruno Bussola, esse foi o homem, em que me
espelho, desde o princípio podemos dizer assim. É sempre impressionante vê-lo
treinar, sempre fiquei admirado, com suas atitudes dentro e fora do dojô, com
sua força e seu espirito nos treinos. Sempre tive a vontade de treinar forte
como ele, mas hoje em dia me esforço para treinar até mais forte que ele. Já
passamos por vários momentos, viagens para cursos, treinamentos especiais,
entre outras coisas. Não tem como eu escrever mais nada falando sobre o Sensei
Bruno, porque eu não posso agradecer com palavras, tudo que você fez, e ainda
faz pra esse seu kohai custoso. Então Sensei, vou fazer de tudo pra te
agradecer, com meus treinos, cada vez mais fortes. E também gostaria de dizer
que o senhor Sensei Bruno, não conseguiu fazer eu desistir. Oss
E
com esse pequeno texto, falei o que lembrei, sobre o que aconteceu comigo
nesses anos...