Kihon Ippon Kumite - JKA
A última (e não menos
importante!) parte que compõe o tripé do Karatê-Dô Shotokan é o Kumitê, que
significa luta, combate contra um adversário. Deixando de lado as luta imaginárias
do Kata, no Kumitê aplicam-se ataques de braço e perna e defesas, contra um
oponente real. As lutas ainda podem ser combinadas, semi-combinadas ou livres.
O
significado literal de Kumitê, em japonês, é “encontro de mãos”. Kumi: “encontro” e Te: “mãos”. Todo praticante de Karatê deve (ou deveria!) aprender
ao longo de sua formação e treinar durante anos, os vários tipos de Kumitê, não
somente o Shiai (luta esportiva) como
também passar pelas várias etapas de Gohon
e Sanbon (para iniciantes faixas branca, cinza e azul - YOBUKAN), de Ippon (para praticantes intermediários faixas
amarela, vermelha e laranja), de Jyu
Ippon (para faixas verde, roxa e marrom) e Jyu Kumite (para faixas pretas).
A
cortesia é fator importante na cultura japonesa e, principalmente nas artes
marciais, a praticamos (ou deveríamos praticar!) em todos os momentos, não
somente no Kihon e no Kata, como dizia o grande mestre Funakoshi “o Karatê
inicia e termina com cortesia” e é assim que deve ser também no Kumitê: fazer a
saudação com respeito e agradecimento pela oportunidade de ter o companheiro
para treinar é algo admirável.
Mestre
Jonery repete um ensinamento dos velhos mestres a cada praticante afoito em
lutar: “treine Kihon (fundamento) e Kata (forma) que o Kumitê sai”. Sensei
Jonery é claro ao dizer que “não se desenvolve o Kumitê só praticando a luta em
si e que o praticante deve treinar o Kihon e o Kata mais do que o Kumitê, e com
isso estará sempre aprimorando a luta”.
Gohon-Kumitê
(5 ataques e 5 defesas com 1 contra-ataque) é muito utilizado nos treinamentos
de praticantes iniciantes, por conter movimentos simples. Quem ataca (tori)
tira uma medida jodan (nível alto), chudan (nível médio) ou gedan (nível baixo)
em pé e recua a perna direita ficando em gedan-barai de esquerda na base
zenkutsu-dachi e quem defende (uke) fica em pé inicialmente.
Sanbon-Kumitê
(3 ataques e 3 defesas com 1 contra-ataque). É idêntico ao gohon só que é feito
em 3 passadas e é usado pelos praticantes faixa azul (Yobukan/Garras do Tigre),
ou para os faixa branca.
Ippon-Kumitê
(1 ataque e 1 defesa com contra-ataque). Posturas iniciais idênticas aos
anteriores. O defensor se desloca para trás e para o lado, saindo da linha do
atacante que não pode seguir o alvo. Procurar aplicar o contra-ataque sempre
chudan. Lembrar sempre do grito (kiai) no ataque e no contra-ataque.
Jyu-Ippon-Kumite:
(semi-combinado) avisa-se a região do corpo onde será desferido o golpe e/ou o
tipo de golpe que será aplicado. É um dos mais difíceis treinamentos de Karatê,
mais difícil até que o Jyu-Kumitê (livre). Apesar de ser semi-combinado é de uma
complexidade muito grande. Se o praticante se aprimorar nesse treinamento se
sairá bem em luta. Ambos os praticantes na base livre (jyu-kamae).
Jyu
Kumite (combate livre) Após a saudação os praticantes
iniciam o combate livremente, tentando encaixar os golpes. O combate poderá ser
orientado para técnicas de pernas (ashi-waza) ou técnicas de braços (te-waza);
um ser o atacante (tori-waza) e o outro usar o contra ataque sendo somente o
defensor (uke-waza); enfim, quanto menos forte mais corretas deverão ser as
técnicas e sempre controladas.
Shiai-Kumite
(luta de competição) É uma luta pela conquista de pontos, onde há as técnicas
permitidas de acordo com as normas de cada federação. A competição deve servir
para o praticante desenvolver o respeito e disciplinar-se física e mentalmente.
Cada federação
esportiva tem regras diferentes e o praticante que treinar os princípios do
verdadeiro Karatê nunca terá problemas para se adaptar as regras e técnicas
exigidas para pontuar na federação em que for participar.
Os protetores que são
utilizados nas competições ou treinos, não são para que o karateca bata mais e
sim para que ele anule os impactos e arrisque mais, sem medo de machucar a si
ou ao companheiro.
Me-Narashi
(sem força) É um combate livre, sem força, também chamado de “Kumitê sombra”
podendo ser acelerado ou em câmera lenta, de acordo com o objetivo do treino. É
nele que se aprende a executar as técnicas corretamente, sem o medo de se
machucar. Pode ser utilizado para o aprimoramento tanto do jyu-kumite quanto do
shiai-kumite.
A
grande questão é: treinar Shiai ou treinar Kumitê?
O problema que vemos nos
nossos dias, nas “badaladas” confederações, é a especialização dos atletas,
ditos karatecas (ahhhh sim!... na minha
humilde opinião... KARATECAS SIMPATO YAMAZAKI... isso sim!), que fazem a
opção apenas pelo “Kumitê” ou apenas pelo “Kata”, prática que vem influenciando
novos praticantes... e a consequência é que deixamos de treinar Karatê e os
professores pelo mundo deixam de ensinar o Karatê como um só (sentido de
totalidade da arte), dando ênfase ao Shiai que é somente mais um método de
treinar o Kumitê e não o Karatê na sua essência.
Então... esses são os
espinhos?? Ahhh... apenas alguns deles, dentre outros... que nos causam
sofrimento e dor de verdade quando presenciamos a desvalorização e a prática
reducionista e superficial de um karatê (re)inventado sem nenhuma
responsabilidade e sem a devida consideração e respeito ao legado deixado pelos
grandes mestres.
E assim vemos florescer
a nossa árvore... e... estamos cientes da qualidade dos frutos que pretendemos
colher?...
Genealogia Humana
O homem se equipara a uma árvore: suas flores
são felicidade, seus galhos, seu objetivo; suas folhas, segurança; seu tronco,
fortaleza; sua raiz, o conhecimento; a natureza, sua fonte de vida. Muitas
vezes, espinhos invadem seu espaço e tentam combate-la tirando suas folhas,
impedindo os galhos e ferindo o seu tronco... mas sua raiz continua intacta
porque ela é que extrai da natureza toda a energia necessária para manter o
arbusto, e é a partir da raiz que o tronco e membro se constroem.
Quem contem raiz forte, longa e firme lutará
e vencerá os espinhos não importando o quanto sua estrutura for afetada, mas os
que tem raiz fraca aos espinhos estará entregue, pois em seu corpo não há
sustento para enfrentar uma batalha.
(FAZANARO, 1992 apud
GUIMARÃES & GUIMARÃES, 2002, p. 185)
Nenhum comentário:
Postar um comentário