terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O significado do Kiai


Mestre Masahiko Tanaka, em uma foto clássica de seu Mae Geri.

O que é realmente o Kiai?!

Vários autores vêm escrevendo sobre a técnica... Nakayama (2010), por exemplo, cita que a respiração é de grande importância para execução das técnicas, “basicamente deve-se inspirar ao fazer um bloqueio e expirar ao executar uma técnica de arremate”. Nakayama afirma que o Kiai ocorre no momento máximo de tensão: “A expiração muito intensa e a contração do abdômen podem dotar os músculos de uma força extra.”
Mas, na busca por um melhor entendimento a respeito da importância dessa técnica Frosi e Mazo (2011) vão à procura de compreender a espiritualidade do Kiai. Para os autores a sociedade brasileira, que foi colonizada e dominada pelos portugueses durante 400 anos e que teve como formação social o pensamento materialista e dualista, característico do mundo capitalista (assim como os demais povos ocidentais), tem grandes dificuldades de compreender o conceito de “energia vital”, pensar na alma (mente) separada do corpo, muitos chegam a ridicularizar este princípio que envolve as artes marciais e a cultura Oriental.
Os autores vão além ao afirmarem que o real problema está na técnica, ou seja, na compreensão da mecânica de alguns exercícios, em especial o Kiaijutsu, essa técnica que foi desenvolvida pelos Samurais.

Em primeiro lugar, os guerreiros eram treinados em Kiai (presença espiritual) para aguçar a sensibilidade e a própria força de presença, podendo utilizar a intuição em combate. Em segundo lugar, transformavam a manifestação do campo vital (ou campo Akáshico) em arma, somando o efeito desse campo ao golpe físico, podia ser um soco ou chute, por exemplo, através de um brandido que conduzia a energia vital: o Kiai (grito de espírito). Infelizmente, o que vemos hoje é um costume de gritar de forma aleatória e sem consciência nas sessões de treinamento e nas competições. (FROSI, T.O. £ MAZO, J.Z. 2011).

O grito de espírito, ou Kiai, dá forma ao “Espírito do Guerreiro”. Os ensinamentos deixados, pela tradição oral e escrita, pelos grandes mestres do Karatê como Funakoshi, Nakayama, Okasaki, Sagara, Tanaka, Osaka dentre tantos outros, devem ser passados aos nossos karatekas dos mais novos aos mais velhos. O caminho das mãos vazias está dentro de cada Dojô, de cada academia, local que cada Sensei (professor) deve ter a sensibilidade necessária, o compromisso e a responsabilidade de honrar o legado dos grandes Mestres, contribuindo para que cada aluno encontre seu caminho no Karatê-Dô.

Referências
- FROSI, Tiago Oviedo. MAZO, Janice Zarpellon. Repensando a história do Karatê no Brasil. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, n.2, p.297-312, abril./;jun. 2011.
- NAKAYAMA, Masatoshi. O melhor do Karatê. Ed. Cultrix: São Paulo, 2010. 


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