Mestre Masahiko Tanaka, em uma foto clássica de seu Mae Geri.
O
que é realmente o Kiai?!
Vários autores vêm
escrevendo sobre a técnica... Nakayama (2010), por exemplo, cita que a
respiração é de grande importância para execução das técnicas, “basicamente
deve-se inspirar ao fazer um bloqueio e expirar ao executar uma técnica de
arremate”. Nakayama afirma que o Kiai ocorre no momento máximo de tensão: “A
expiração muito intensa e a contração do abdômen podem dotar os músculos de uma
força extra.”
Mas, na busca por um
melhor entendimento a respeito da importância dessa técnica Frosi e Mazo (2011)
vão à procura de compreender a espiritualidade do Kiai. Para os autores a
sociedade brasileira, que foi colonizada e dominada pelos portugueses durante
400 anos e que teve como formação social o pensamento materialista e dualista,
característico do mundo capitalista (assim como os demais povos ocidentais), tem
grandes dificuldades de compreender o conceito de “energia vital”, pensar na
alma (mente) separada do corpo, muitos chegam a ridicularizar este princípio
que envolve as artes marciais e a cultura Oriental.
Os autores vão além ao afirmarem
que o real problema está na técnica, ou seja, na compreensão da mecânica de
alguns exercícios, em especial o Kiaijutsu, essa técnica que foi desenvolvida
pelos Samurais.
Em
primeiro lugar, os guerreiros eram
treinados em Kiai (presença espiritual) para aguçar a sensibilidade e a própria
força de presença, podendo utilizar a intuição em combate.
Em segundo lugar,
transformavam a manifestação do campo vital (ou campo Akáshico) em arma,
somando o efeito desse campo ao golpe físico, podia ser um soco ou chute, por
exemplo, através de um brandido que conduzia a energia vital: o Kiai
(grito de espírito). Infelizmente, o que vemos hoje é um costume de gritar
de forma aleatória e sem consciência nas sessões de treinamento e nas
competições. (FROSI, T.O. £ MAZO, J.Z. 2011).
O grito de espírito, ou
Kiai, dá forma ao “Espírito do Guerreiro”. Os ensinamentos deixados, pela
tradição oral e escrita, pelos grandes mestres do Karatê como Funakoshi,
Nakayama, Okasaki, Sagara, Tanaka, Osaka dentre tantos outros, devem ser
passados aos nossos karatekas dos mais novos aos mais velhos. O caminho das
mãos vazias está dentro de cada Dojô, de cada academia, local que cada Sensei
(professor) deve ter a sensibilidade necessária, o compromisso e a
responsabilidade de honrar o legado dos grandes Mestres, contribuindo para que cada
aluno encontre seu caminho no Karatê-Dô.
Referências
- FROSI, Tiago Oviedo. MAZO, Janice
Zarpellon. Repensando a história do
Karatê no Brasil. Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, n.2,
p.297-312, abril./;jun. 2011.
- NAKAYAMA, Masatoshi. O melhor do Karatê. Ed. Cultrix: São
Paulo, 2010.